"Não existe nenhuma razão para alguém ter um computador em casa", Ken Olsen, presidente da Digital Equipment Corporation – que vendia somente computadores de grande porte – 1977. "Acredito que o mercado mundial não comporta mais do que cinco computadores", Thomas J. Watson, presidente da IBM, 1943. "Quem no mundo gostaria de ouvir atores falando?", Harry Warner, da Warner Brothers Pictures, 1927. "O automóvel é só uma novidade. O cavalo está aqui para ficar", de um banqueiro americano a Henry Ford, desencorajando-o a investir na companhia Ford Motor em 1900. "Não gostamos dos sons de vocês. Além disto, conjuntos de guitarristas não têm futuro", de executivo da gravadora Decca, explicando aos Beatles em 1962 porque não investiria no conjunto.
     As frases acima podem parecer absurdas aos nossos olhos de hoje, mas foram formuladas por pessoas que, na época, dominavam o conhecimento do assunto e, assim, tinham toda competência para afirmar o que disseram. E o fizeram com a segurança de sua experiência e domínio, bem como o respeito daqueles que as ouviam. Suas expressões eram as verdades da época.
     Essas citações são apenas exemplos de uma infinidade de outras afirmações já ocorridas e que acontecem a toda hora em pleno Século XXI. Elas são frutos de que se pode chamar de "paralisia de paradigmas".
        Paradigmas são crenças / valores que nós temos e que fazem parte do nosso modo de ser pessoal e profissional. No entanto, quando estamos sob o efeito da "paralisia de paradigmas", atuam como filtros nos impedindo de ver com clareza novas ideias, as mudanças que se fazem necessárias para incorporar as novas realidades.
       Frases como as citadas ainda são muito comuns hoje em dia e algumas expressões ocorrem com muita frequência quando surgem as propostas de mudanças. Veja você mesmo se não as tem proferido constantemente:
 – Sempre fizemos assim e sempre deu certo, por que mudar?
РIsto ̩ loucura!
РDa forma que fazemos ̩ melhor.
– Está tudo tão bem, para que mudar?
– Temos receio do que possa acontecer, é melhor não arriscar.
– Isto não vai dar certo.
– Não se mexe em time que está ganhando.
– Precisamos de um tempo para ver isto.
– Francamente, eu ainda não sei se vale a pena.
    
     Infelizmente ainda existem comportamentos de muitos profissionais resistentes às mudanças. Além da "paralisia de paradigma", são diversos os fatores que levam as pessoas a se portarem dessa forma: comodismo, medo do novo, medo do desconhecido, receio de perder o poder, desconhecimento do conteúdo das vantagens e/ou desvantagens das mudanças que surgem e desconhecimento das mudanças que ocorrem no ambiente interno e externo.
      Todos os fatores apresentados e as manifestações são pontos limitadores do novo, da criatividade, da iniciativa e até mesmo da sobrevivência pessoal e da empresa, porque sem evolução diminui a competitividade profissional e organizacional.
      As mudanças são hoje uma grande certeza; elas acontecem em todas as áreas: no mundo empresarial, no comportamento das pessoas, no meio ambiente, na cultura, no trabalho, na tecnologia, na saúde e em todas demais áreas que se pode imaginar. Até mesmo na religião. E sua velocidade é cada vez maior.
      Infelizmente, existem profissionais e empresas alheias às mudanças e estão, por isto, condenadas a desaparecer. No meio corporativo, muitas organizações que até bem pouco tempo atrás foram grandes, símbolo de sucesso, e acabaram "fechando as portas". Na maioria delas o motivo foi a sua dificuldade de adaptação às novas realidades, ao novo ambiente empresarial.
       Com elas ocorreu o mesmo que aconteceu com espécies animais da Pré-História, que eram os Mastodontes, que não se adaptaram às transformações e desapareceram, tornando-se hoje os fósseis. Faltou também a elas a simplicidade de entender que "Sucesso Presente ou Passado não garante Sucesso Futuro", pois é preciso evoluir. É necessário ficar em constante progresso, em sintonia com as mudanças.
     No entanto, o receio de ser visto como resistente às mudanças não deve levar a assumir qualquer nova ideia sem um estudo adequado, pois elas devem ser fruto de análise de "coração aberto", com a prontidão necessária para incorporá-las e a clareza de visão para rejeitá-las total ou parcialmente. Mas é preciso sempre vê-las com bons olhos, porque a maioria gerará progresso em nós e nas empresas, e a evolução é condição para nossa sobrevivência profissional e da organização. E muito cuidado ao defender as "verdades" do momento, mesmo que elas sejam de seu absoluto domínio.

Autor:
Flávio Martins da Costa
Administrador de Empresas com Pós-Graduação em Org. Sist. e Métodos. Autor dos Livros "Socorro, Não Tenho Tempo!!", "Socorro, Meu Dinheiro Está Sumindo!!" e "Excelência no Atendimento ao Cliente". Foi professor universitário no UNI-BH e do Curso Técnico de Gestão Empresarial do SENAC. Como consultor atua nas áreas de Adm. Geral, Org. e Métodos, Preparação para a Certificação IS0 9000 e Resp. Social, Rec. Humanos, Cargos e Salários e Planej.Estratégico. É instrutor e palestrante, atendendo a entidades como a Federação do Comércio do Estado de Minas Gerais, SESCOOP/Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo e FEDERAMINAS-Fed Associações Comerciais, Industriais e Agropecuárias de Minas Gerais.

Fonte: www.rh.com.br
Acessado em 23/03/2009