Criado em 1992 pela ONU (Organização das Nações Unidas), o Dia Mundial
da Água, comemorado hoje, serve também para refletir sobre a importância
deste recurso hídrico, essencial à sobrevivência da fauna e flora do
planeta.
Apesar disso, não é difícil ver as pessoas, em cenas cotidianas,
lavando calçadas e carros com água tratada, deixando as torneiras
pingando à exaustão, e o que é pior: sem pensar na preciosidade que
desperdiçam ralo abaixo.

Mas é preciso saber: a água de boa qualidade para consumo humano está
cada vez mais escassa e já é motivo de grande preocupação em vários
cantos do mundo, pois a capacidade de recarga das reservas hídricas são
complexas e demoradas. E com um agravante: de toda a água existente no
planeta, menos de 3% correspondem as doces. Se for considerado apenas o
volume disponível para consumo em rios e lagos, este número não chega a
0,2% (já que a maior parte da água doce concentra-se nas calotas polares
e geleiras, ou em subsolos profundos). 

Embora o Brasil seja um país privilegiado em termos hidrográficos –
tem a bacia Amazônica e o aquífero Guarani, além de rios que formam uma
das maiores redes fluviais perenes da Terra –, ainda assim há alguns
entraves a serem considerados.
A distribuição de água é bastante irregular (cerca de 70% da água
doce do País fica na região amazônica, longe dos centros urbanos), sem
falar na qualidade (geralmente comprometida pela poluição ambiental e
pelo desmatamento (uma vez que a destruição das matas ciliares submete
os rios à erosão e ao assoreamento, colocando em risco nascentes e
outras unidades hídricas). Apesar disso, 11,6% da água doce disponível
no mundo estão aqui.

Para entender como funciona o uso das águas no mundo, hoje a maior
parte do consumo cabe à agricultura (67%), seguido pelo uso industrial
(23%) e residencial (10%). Neste último caso, vale a ressalva: os
chuveiros são responsáveis por 46% do consumo de água, seguido da
cozinha e do vaso sanitário (14%). Como um bem renovável mas finito, o
consumo consciente pode ser a única arma humana para a preservação deste
recurso.  
E, no dia a dia, as ações que podem contribuir para o uso racional da
água são relativamente simples. Para começar, os banhos podem (e devem)
ter seu tempo reduzidos. Em 10 minutos gasta-se o equivalente a 70
litros de água. Se ele for 15 minutos, esse número sobe para a média
assustadora de 105 litros.
O

utra constatação: lavar a louça com a torneira aberta equivale a um
gasto de 112 litros de água. A saída aqui é encher a cuba da pia de
água, limpar os resíduos de comida dos utensílios com esponja e sabão e
só então faça o enxague com água limpa.  
Embora a atitude pareça ínfima, a soma de várias pequenas ações como
esta é que farão a diferença no final. Não há quem não guarde na memória
do corpo e do paladar o mergulho numa cachoeira límpida ou um gole de
água fresca depois de horas sob um Sol escaldante. Como já bem cantou
Milton Nascimento: “Água de beber/ Bica no quintal/ Sede de viver
tudo…”