Depois do fiasco do neoliberalismo, que imperava sob o mito da livre iniciativa, da não intervenção do estado na economia, da economia auto-regulada etc., qual será a diferença entre republicanos e democratas?
     Nos últimos anos os presidentes republicanos dos Estados Unidos têm implantado uma política belicista, em função dos interesses de uma minoria muito poderosa ligada, sobretudo, ao petróleo e à produção de armas. Não é por acaso que o governo de Ronald Reagam instigou o Iraque de Saddam Hussein a invadir o Irã do aiatolá Ruhollah Khomeini. Não é por acaso que o governo de George Bush, pai do atual George W. Bush, reforçado pelas forças das potências ocidentais aniquilou o Iraque, que antes era aliado e, de repente, ao invadir o Kuwait, virou inimigo. Não é por acaso que o governo do atual Bush invadiu o Afeganistão para aniquilar seus antigos aliados – os Talebans – na guerra contra a então U.R.S.S. Não é por acaso que ele invadiu, também, o já aniquilado Iraque, que se encontrava isolado desde a última guerra, mas produzia petróleo acima da cota estabelecida pela OPEP e passava-o mais barato e de forma clandestina para a Europa, puxando para baixo o preço desse produto. Convém ressaltar que foram os governos republicanos que invadiram Granada (1983) e o Panamá (1989) aqui na América Latina.
     Já os governos democratas, desde a humilhação sofrida com a Guerra do Vietnã, não têm provocado guerras. Lembro-me de que Jimmy Carter perdeu a reeleição por tentar resgatar os reféns americanos seqüestrados no Irã após a queda do xá Reza Pahlevi, velho aliado dos Estados Unidos, e a entrada em cena do aiatolá Khomeini. Essa tentativa, em 1980, foi um desastre. Os helicópteros utilizados na tentativa de resgate foram derrotados pela areia do deserto. Para o povo dos Estados Unidos isso foi um vexame muito grande. Não há dúvida de que os republicanos voltaram ao poder, com Ronald Reagan, por causa disso. E bastou Reagan sentar na cadeira de presidente para a guerra começar. Com apoio dele, Saddam Hussein ordenou a invasão do Irã e os dois países, por dez anos, se atracaram numa guerra sangrenta. Terminada a guerra e estabelecido um acordo entre os dois inimigos históricos, Saddam invadiu o Kuwait, um vizinho mais fraco, porém aliado dos Estados Unidos. Com isso, o anjo, na ótica da poderosa nação estadunidense, tornou-se diabo.
     Creio que os governos democratas, embora sem diferenças substanciais em relação aos republicanos, têm o mérito de acreditarem mais em solução diplomática para os conflitos causados pelo jogo de interesses. Internamente, eles contemplam melhor os interesses dos mais pobres, dos imigrantes e das minorias. Também, eles protegem melhor os interesses dos produtores rurais de seu país, com políticas protecionistas. E isso não é bom para os exportadores brasileiros, que têm de pagar taxas mais altas para introduzirem no robusto mercado daquele país os produtos aqui produzidos.
      Mas, depois do fiasco do neoliberalismo, que imperava sob o mito da livre iniciativa, da não intervenção do estado na economia, da economia auto-regulada etc., qual será a diferença entre republicanos e democratas? Os republicanos repudiavam a intervenção do estado quando esta se dava em função das classes subalternas tão necessitadas dos benefícios públicos, pois isso significava mais impostos e por conseqüência menores lucros aos poderosos empresários, em sua corrida irresponsável pela a*****ulação do capital. Agora que os sanguessugas da sociedade começam a ser derrubados pela própria ganância, já se fala em ações governamentais para socorrê-los com algumas montanhas de dinheiro. Isso mesmo: o que se pode imaginar daquilo que as nações estão propondo – um ou dois trilhões de dólares e euros – senão em montanhas de dinheiro?
     O fato é que agora todos os governos direitistas do mundo dito civilizado estão esquecendo os princípios do neoliberalismo e, sem qualquer pudor, expõe as tetas de seus estados aos mais poderosos detentores do capital – os banqueiros – que até agora têm negado ação neste sentido para salvar as vidas de milhões de pessoas que necessitam de moradia, atendimento médico, trabalho e incentivos fiscais para os seus pequenos empreendimentos.
     

Fonte: Artigo escrito por
Prof. Josias Dias da Costa
Mestre em Educação
Monge Beneditino de Mineiros